5 de fevereiro de 2007

os melhores meus epitáfios

todo dia um
menos dia um
em que eu não for mas um


há coisa de dois anos, quando então perdia as tardes neste estande de vendas armado na feira do livro de brasília, controlando perdas, crianças e o meu desejo de ir pra casa (não como a criança que se cansa cedo das férias ou o soldado que luta num país estrangeiro, mas como o desejo expresso de michael leunig numa de suas charges: um homem, em sua cidade, em sua casa, em sua cama, diz a sua esposa: "i wanna go home!"), acendeu-me a idéia de um livro de epitáfios: a proposta era criar um epitáfio por dia, o que, além de poupar a um alguém o trabalho de pensar em algo para a minha lápide, haveria de garantir a verdade sobre o autor. planejava, ainda, reunir curiosidades acerca do tema, epitáfios espirituosos, edificantes, epitáfios de gente ilustre... era um projeto muito simples, de certa propriedade, e não custava levar adiante. assim, menos por real interesse no assunto que por desinteresse na realidade que então me cercava, comecei. costumava publicar um ou outro no antigo "além d alguém", sob a série que resgato agora, "os melhores meus epitáfios"...

passou pela vida sem saber
da dor que o amor desperta.
perceber que o sofrimento nu,
certa e claramente, é o melhor
que pode essa, a vida, oferecer.