12 de outubro de 2007

feriadão

ana, a minha pequena, doce do norte, primeira chuva de setembro, declara estar preocupada, pois hoje estou só...

donana foi visitar vovó em minas, levando consigo uma de suas dez irmãs e um sobrinho... voltam no domingo. thiago foi a pirinópolis, atrás duma roots limpinha e com dinheiro... volta no domingo (frustrado, talvez). velho davi, pescador, foi pescar... esse, só deus sabe quando volta.

... e ana, o meu anjo, preocupada porque estou só... você tem de sair, disse, ser feliz.

a agenda não atrapalha, tampouco decepciona: hoje é aniversário de kelly, moça aplicada e, deus sabe, cheia de energia; robson quer jogar sinuca, porque acredita, creio, ser eu o único apto a oferecer algum desafio (todos os nossos amigos são bons... bons demais); luziânia, cidade histórica, quer ser fotografada... e nik, anfitriã, linda e loira, ligou hoje cedo; paulo diz que a minha presença faz falta na free play (thanks dude)...

de qualquer forma, decidi ficar em casa... até agora...

mando então uma mensagem sms: ana, vou sair. procurar por esterco, serragem e fertilizante. quero cultivar papoulas.
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papoula: planta de até 80cm de altura, de caules finos cobertos por delicada penugem e folhas estreitas, divididas em segmentos lanceolados. a papoula silvestre dá flores brancas, rosas, laranja ou vermelhas, sempre com a base das pétalas brancas. da papoula somniferum se obtém o ópio, retirado a partir do látex encontrado nas cápsulas que não atingiram a maturação... também dessa espécie é extraída a morfina. as flores desabrocham no fim do verão.
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às vezes, só às vezes, acho mesmo que sou mesmo um tanto louco...

9 de outubro de 2007

roma

foi em drummoyne que conheci roma... em um pequeno café que se destaca tanto pelo cardápio como pela tabuleta com letras vermelhas que toma toda a fachada: lashings.

roma, o melhor sanduíche que já comi. receita, original, creio, do casal kiwi dean & kim... eu mesmo, então funcionário, preparava a delícia:

filé de peito de frango grelhado;
pão de hambúrguer levemente tostado;
maionese e rúcula de um lado;
abacate e tomate seco de outro;
isso e mais uma fatia de queijo suíço (emmental).

convidei outro dia uma moça, ocasião de seu aniversário, para experimentar a iguaria... ela estranhou a pasta verde, o abacate; mostrou certo receio frente à rúcula... mas não desistiu, insistiu... e gostou.

muito bom, né? recomendo... (thaís, você também?)

3 de outubro de 2007

estou no flickr...

flickr é um site de relacionamentos tal qual o orkut, mas, diferente desse, onde o foco são as pessoas, o flickr destaca os álbuns, as fotografias.

é muito bacana! a interface é simples, intuitiva; e os recursos são vários... alguns merecem destaque: as imagens carregadas são disponibilizadas em tamanhos diversos, pequenina para servir de avatar ou grande, perfeita para plano de fundo da área de trabalho; existe a possibilidade de se adicionar observações vinculadas a uma determinada área na fotografia, de forma que o assunto pode, literalmente, expressar algo mais; além, o usuário tem acesso às propriedades, condições em que a foto foi tirada (exposição, abertura, sensibilidade etc)... bom, vale conferir...

eis a minha página de fotos:
homemdgris
experimente. pode ser que você se encontre por lá...

1 de agosto de 2007

uma piada (leunig)

leunig... just love this guy...

23 de julho de 2007

os primeiros passos de um homem

tive hoje a minha primeira aula de forró... investimento seguro, asseguram.

... eu não me arrependo! tropecei nos primeiros passos, confuso ainda com o ritmo, mas a professorinha, um encanto, a paulinha, veio ao meu socorro: ensaiei os tropeços, disse. queria uma chance de mostrar o que sei. ela não me levou muito a sério, o que até anima, pois o que se segue movimentos inéditos na academia do senhor welton todos pararam pra ver: ficamos eu, a batida, paulinha... coitada da paulinha... de esmagamento a torção, rolou de tudo, e a moça, muito simpática, com um belo sorriso tudo suportou. as monitoras também se arriscaram, prestativas... cuidei muito bem de todas elas, ou, como disse a ruiva: você deu o seu o melhor!

... agradecido, moça. foi ótimo.

vou praticar e amanhã volto a atacar...

19 de julho de 2007

a propósito de*

não sei se vai ao encontro dos interesses do blog, mas, como também não sei que interesses seriam esses (*entreter, espero), segue uma nova série... uma piada:


quem é que inventa essas coisas, afinal? quem compôs atirei o pau no gato? quem definiu as regras da amarelinha?

17 de julho de 2007

de olho na rua

"though we rush ahead to save our time/ we are only what we feel"


não que o meu emprego seja assim ruim… pra dizer a verdade, até que é bom, o serviço público... mas longe de ser ótimo... e contrário ao ideal. i just don’t fit in, if you know what i mean

pois é… acho que não me encaixo... inda mais agora, com o cabelo grande, sem penteado, um all star surrado, e uma tatuagem enorme no braço, ombro, peito, costas! tudo planejado, claro, uma conquista... que o governo não pode absorver.

foi quando me flagrei pensando sobre o que gostaria de ser. um espanto, pensando bem!

hoje, quero viver de fotografia... não estou ainda satisfeito com as fotos, verdade, mas contente fotografando... e com muitas idéias...

quero retomar os meus planos de viagem... conhecer o méxico, cuba...

quero escrever algo de que possa me orgulhar... colocar experiência no papel, servir de exemplo, mesmo que apenas para mim mesmo.

quero me arranjar... uma mulher pura e sexy a um tempo... e quero três filhos, um menino e duas meninas – um casal e a caçulinha.

quero também um cãozinho esperto, cheio de energia, que se divirta divertindo as crianças.

quero tempo para os meus livros, meus discos...

e quero um carro velho pra me dar trabalho... um camaro, um charger ou mesmo um fusquinha... além de um carro novo, claro, pra facilitar a vida...
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é isso ou comprar uma moto usada e partir pra drogas mais pesadas...

13 de julho de 2007

findo

não posso fechar os olhos
ensejo único, resto
incerto, tenho medo do que quero
perceber em nosso tempo
o tempo pouco que me resta
e me pergunto, moribundo
se te adoeço
como você me adoece

não tarda passar, porém
como um sorriso bobo
no rosto estampado
a sensação de desejar
e ser indesejável
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pois que o ensejo, creio
esse além da dúvida
e com os olhos baixos
imagino-os já fechados

10 de julho de 2007

obrigado por fumar (2006)

as venturas e desventuras de um lobista da indústria tabagista...

de jason reitman, com aaron eckhart, william h. macy, katie holmes e robert duvall...



(1) inteligente, (2) divertido, (3) inofensivo.

tópico original: nova escala

15 de junho de 2007

o homem-elefante (1980)

com base na vida do inglês joseph merrick (john merrick no filme), supostamente vítima de uma variação severa da síndrome de proteus, órfão, explorado num circo de aberrações...

de david lynch, com anthony hopkins, john hurt e anne bancroft...



(1) extremo, (2) cruel, (3) degradante, (4) controverso.

esse um pede linhas extra... outro dia, manifestaram interesse no juízo que faria eu do filme. após uma resposta mal-criada, a qual explico, sem abono, com a mistura de ciúme e álcool, disse, penitente: o homem-elefante é impressionante, digno de qualquer estante, porque é prova de que o sr. lynch sabe dirigir e montar um filme normal... a fotografia em p&b é mais que adequada, pois que o contraste entre luz e sombra valoriza o suspense... e, acredito, é difícil manter a tensão num filme de personagens marcados, uma biografia.

o filme é extremo, mas não caricato; é sensível, mas não piegas; é cruel e ainda doce, comovente; é degradante, contudo humano... controverso.


tópico original: nova escala

memórias de minhas putas tristes (2005)

romance entre homem nonagenário, que descobre não ter ainda amado, e adolescente virgem...

de gabriel garcía márquez...


“... beijei-a por todo o corpo até ficar sem respiração: a espinha dorsal, vértebra por vértebra, até as nádegas lânguidas, o lado da pinta, o de seu coração inesgotável. à medida que a beijava aumentava o calor de seu corpo e ela exalava uma fragrância de montanha. ela me respondeu com vibrações novas em cada polegada de sua pele, e em cada uma encontrei um calor diferente, um sabor próprio, um gemido novo...

(...)

a falta de sossego acabou com o rigor dos meus dias. acordava às cinco, mas ficava na penumbra do quarto imaginando delgadina em sua vida irreal de acordar os irmãos, vesti-los para a escola, servir o café da manhã, se houvesse o que pôr na mesa, e atravessar a cidade de bicicleta para cumprir a pena de pregar botões. e me perguntei assombrado: em que pensa uma mulher enquanto prega um botão? pensava em mim? ela também procurava rosa cabarcas para me achar? passei uma semana inteira sem tirar o macacão de mecânico nem de dia nem de noite, sem tomar banho, sem fazer a barba, sem escovar os dentes, porque o amor me mostrou tarde demais que a gente se arruma para alguém, se veste e se perfuma para alguém, e eu nunca tinha tido para quem.

(...)

havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética. naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. e também percebi que era válida a verdade contrária: não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego...”

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(1) simples, (2) leve, (3) adocicado.

... lembra chá de camomila, apesar do burburinho típico de fim de história.


tópico original: nova escala

13 de junho de 2007

um dia com fred miranda

“por que estás ao longe, senhor? por que te escondes nos tempos de angústia?”


de olhos fechados, encolhido, percebe a senhora, essa sem opções, mordiscar sua orelha às seis e trinta de uma quarta-feira, dia útil.

o banho frio – um hábito – é saudável, ouviu dizer, e barato... desperta.

a primeira refeição, junto à família, é suficiente, faz crer. a esposa e as filhas, duas, gêmeas, o cercam de cuidados, reconhecem o seu valor... o beijo doce, suavemente apaixonado, lembra a razão do trabalho...
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frederico é mais ou menos inteligente; mais ou menos charmoso; mais ou menos seguro; mais ou menos crível... o que mais ou menos desperta interesse é o conjunto: a família, a casa, a ordem. frederico orgulha-se da ordem, e mais ainda os seus...
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... ah! o esportivo também é motivo de orgulho: um camaro 74, em dois restaurado, que gosta de passear em dias de clima agradável...

... um par de quilômetros, apenas, até o escritório, e o carro, afinado, roda macio. problemático é o trânsito, de autos, não autos e transeuntes...

... frederico, por hora, deve superar o alternativo, anda não anda a um canto do pavimento... e não vê, não poderia ter visto o pedestre que corre de um lado para outro...

... a ordem! amava a ordem... mas para, então, e leva as mãos à fronte, ao que os segundos ganham peso, e o ar, denso, agora, enfraquece tudo e todos...

... liberta-se, porém, sem mais nem aquela, e deixa o local do crime, arrancando com violência o v8... olhos abertos, verdadeiramente abertos.... afasta-se, segue... e o casal que espera o coletivo não espera, não tem chance contra o clássico que avança sobre o passeio, arrastando mulher e homem... uma manobra instintiva, necessária... frederico precisa voltar...

... e encontra ainda um cachorro vadio, mas não discrimina, tampouco o velho camaro...

...e a cerca baixa, recentemente caiada... frederico costumava, sempre, apreciar o próprio trabalho. hoje, não...

... a esposa percebe, claro, que algo não está certo, mas não sabe dizer o que há. frederico a toma nos braços e acalma os seus lábios com um beijo displicente. não é suficiente, sempre tão evidente, mas não incomoda, o ruído das questões.

o quarto, preparado, recebe frederico sem queixas... lençol esticado; cortina limpa, aberta; o tapete, um outro leito... mudo, o criado, esse frederico procura... uma pistola 765, seu pente e balas 7,65mm.

a melhor parte, atônita, repreende, um tanto auto-indulgente, evidentemente... mas miranda abandona o que há, inconsciente, embora convencido de sua realidade, e parte, feito uma besta, rumo ao que julga sincero, certo.

em casa, um conterrâneo próximo, esse abre a porta sorridente, oferecido... e frederico se irrita com a volatilidade das feições... o vizinho, temeroso, foge, procura abrigo.

a polícia, eficiente, prudentemente coberta, jaz no flanco seguro da viatura... um tiro, dois... fred miranda, no jardim de casa alheia, cai, satisfeito... ante o homem, o medo de ser e a ordem... morre, então, vítima de um próprio critério, frederico, falho. um exagero da realidade, verdade, conquanto sensível como o medo de enlouquecer.

12 de junho de 2007

nova escala

gostar ou não gostar é algo subjetivo. difícil dizer e ser compreendido; difícil compreender assim, apenas de ouvido. se um diz, gosto, escuta logo um, problema seu... isso não me diz coisa alguma. alguém pode discordar, encontrar alguém que concorde – falo do ponto de vista e não da teoria. de qualquer forma, concordando, há de ser por critérios outros, pois tem interesses outros, é diferente, único. entende? certamente, sim – falo da teoria e não do ponto de vista. gostar é complicado!

avaliar não é complicado. avaliar é simples, existe método! e quem conhece o método? quem avalia, é claro!!! e esse tem o hábito de se expressar com estrelas: uma estrela é ruim; cinco, excelente. alguns, meticulosos, agregam à já complexa escala o peru, ou turkey... peru é nada, menor que estrela, diz ainda menos.

insatisfeito com a escala de peru e estrelas, proponho uma nova: a escala de adjetivos. não adjetivos do tipo ruim e excelente, cúmplices da escala antiga, mas algo mais significativo... o fabuloso destino de amélie poulain, de jean-pierre jeunet, por exemplo, é um filme colorido. dorian, de johann sebastian bach, por sua vez, uma composição impetuosa...
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para abrir a série, o último filme de que fui testemunha: notas sobre um escândalo (2006), de richard eyre, com judi dench e cate blanchett...



(1) amoral, (2) expressivo, (3) crível.

31 de maio de 2007

trilha sonora

desde sempre, mesmo ainda pequeno, bobo, repetindo irritantemente a meia dúzia de versos que sabia de faroeste caboclo, pois que desconhecia letra e melodia... assim, desde sempre, canto.

é que música, sei, encanta... abafa o sentimento aparente, desabafa um outro latente... música marca, sabe... não digo incomoda, o que se diz na moda, mas fica... fica a memória, o momento, o tempo... fica o que foi, o que deixou de ser... fica o ser, fica o eu... o desejo, o ensejo... a música permanece. é o que me faz repetir, reviver... desde sempre, a cada ano...

destaco, então, o que movimentou, inspirou esse último, 2006. compartilho, normalmente, com alguém especial... com todos, agora, uma dúzia de músicas... o que ouvi, senti...

coletânea de 2006: skank; don henley (versão de bb king & eric clapton); bob marley; bic runga; jackson five; joss stone; marvin gaye; the young bloods; vince guaraldi’s linus and lucy; legião urbana; blind melon; demônios da garoa.


21 de abril de 2007

brasília, o vídeo



... os 10 finalistas do festival:

Dia de Praia na Capital – de Natália B Martins (1º lugar)
O Peixe do Povo – de Marcelo Camargo
Mi Casa – de Gustavo S Maia
Behr de Brasília – de Rodrigo L Martins
Bruno sem Noção – de Gustavo S F Coelho (ñ encontrado)
A Hora Pesada ­– de Armando Fonseca
O Curta no Curta – de Bianca Garcia
Itinerário – de Jorge Verlindo
BEMTEVI – de Odete P Ferreira (ñ encontrado)
Massificación – de Rodrigo de Oliveira Costa (ñ encontrado)

fonte: terraço shopping, 29/04/2007
(http://www.terracoshopping.com.br/terraco/?u=13&s=134&id=181)

sem título

há título... ou havia, ao menos, o texto, no fim. concebido dessa forma, a idéia era excitar a discussão – que nunca houve – explorando um pouco mais as imagens propostas. sem título, sem direção, acreditei libertar a imaginação, de forma que a experiência de cada um, por si, revelasse a verdade do texto. pretensão rude! ainda assim obtive respostas: "buraco negro", disse um. "útero", outro. "o cu da gia", teria dito a mãe do baleiro, acho... prova de que não sei me expressar. sem título, agora e por enquanto... desisto.


neste lugar, escuro
o tempo passa... estúpido passa
insciente, o tempo
ausente dita, irresponsavelmente
aplauso tácito, parvo
sem dor ou pesar
assim, tanto melhor
viver programadamente
idiota planejado, visto cuidado
assim, nesse lugar, escuro
demasiado triste
não saber quem se é
não saber como ser
não saber...
culpa minha? sua?
pena nossa, esse lugar, escuro

20 de abril de 2007

brasília

minha homenagem à cidade que me acolhe, brasília, que, neste sábado próximo, dia 21, completa 47 anos... que o seu azul perdure...


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5 de fevereiro de 2007

os melhores meus epitáfios

todo dia um
menos dia um
em que eu não for mas um


há coisa de dois anos, quando então perdia as tardes neste estande de vendas armado na feira do livro de brasília, controlando perdas, crianças e o meu desejo de ir pra casa (não como a criança que se cansa cedo das férias ou o soldado que luta num país estrangeiro, mas como o desejo expresso de michael leunig numa de suas charges: um homem, em sua cidade, em sua casa, em sua cama, diz a sua esposa: "i wanna go home!"), acendeu-me a idéia de um livro de epitáfios: a proposta era criar um epitáfio por dia, o que, além de poupar a um alguém o trabalho de pensar em algo para a minha lápide, haveria de garantir a verdade sobre o autor. planejava, ainda, reunir curiosidades acerca do tema, epitáfios espirituosos, edificantes, epitáfios de gente ilustre... era um projeto muito simples, de certa propriedade, e não custava levar adiante. assim, menos por real interesse no assunto que por desinteresse na realidade que então me cercava, comecei. costumava publicar um ou outro no antigo "além d alguém", sob a série que resgato agora, "os melhores meus epitáfios"...

passou pela vida sem saber
da dor que o amor desperta.
perceber que o sofrimento nu,
certa e claramente, é o melhor
que pode essa, a vida, oferecer.

27 de janeiro de 2007

details

... difícil explicar o porquê de fotografar um cabo num tronco de árvore?

... e o que dizer do extremo de um portão?

... ou da base de uma luminária? tenho já resposta às minhas questões.

história do blog

não lembro o título do meu primeiro blog, mas sei que tinha algo de cinema, teatro e literatura... isso no título, porque o blog mesmo, esse tratava de assunto nenhum! puro nonsense, e da pior qualidade. o segundo levou o título de "além d alguém", assim, e tinha aspecto de diário. o terceiro, "homem d gris", puro passatempo... não muito saudável, admito, persistiu com a mesma temática que enterrou os seus anteriores. o quarto batizei "sem palavras" – convencido de que não tinha mesmo nada a dizer. o quinto, proposta de um espaço de discussão sobre miudezas, nunca emplacou. e o sexto... esse foi sacrificado para dar lugar ao presente, "causos e retratos". por quê? era o mais insustentável de todos os seis! denominado "diário d gratidão", foi uma tentativa de descobrir beleza nas pequenas coisas; ver o lado positivo de cada situação... mas da pior maneira possível. eis alguns dos tópicos abordados: o feijão não estava tão salgado a ponto de comprometer a refeição; hoje não tomei nenhuma cerveja quente; o vizinho fã de césar menotti e fabiano tem um aparelho de som mais potente que a vizinha apaixonada por asa de águia...

como o sexto é o único que de fato deixou de existir, pretendo, algum dia, retomar, aqui, alguns dos temas nele desenvolvidos. questão de nostalgia...

b&w

... curioso.

... sem mais o que fazer.

... não sei por que, mas gosto demais dessa uma.

... um tanto tonto, ainda cansado e com sono.

... o amigo experiente, jamal lucas, estava por perto. não criticou!

experiments

... um cantinho da igreja.

... essa me roubou uma noite inteira, mas acho que valeu.

... em frente ao museu... não sei dizer se é arte! gostei.

... ainda na balada, uma última foto antes de ir.

the hall

there’s a hall in front of me
a damn huge hall i can see
till choose not to look anymore
can the option hall disappear?

eyes opened again i notice a door
not one but many; i don’t know what for
i decide then to check the track
expecting to find some base or lore

few steps later i see myself coming back
thinking that i am possibly mad
close is too far and i can’t get there
i've got my face down, exhausted and sad

but i should proceed, i must dare
it can’t be risky – it’s a hall not a lair
i’m not gonna find any puma or bear
with nothing to lose i should go there

26 de janeiro de 2007

mais ditados... letra "a":

a amar e a rezar ninguém se pode obrigar.
a bom entendedor meia palavra basta.
a carne é fraca.
a fome é o melhor tempero.
a fome faz sair o lobo do mato.
a fruta proibida é a mais apetecida.
a ignorância é a mãe de todas as doenças.
a justiça tarda mas não falha.
a ocasião faz o ladrão.
a preguiça é mãe de todos os vícios.
a pressa é inimiga da perfeição.
a sorte de uns é o azar de outros.
a união faz a força.
a voz do povo é a voz de deus.
achado não é roubado.
água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
águas passadas não movem moinhos.
amigos, amigos; negócios à parte.
antes só do que mal acompanhado.
antes tarde que nunca.
aqui se faz, aqui se paga.
as aparências enganam.
azar no jogo, sorte no amor.
a cavalo dado, não se olham os dentes.
a césar o que é de césar.
a concha é que sabe o calor da panela.
a corda arrebenta do lado mais fraco.
a esperança é a última que morre.
a galinha do vizinho é sempre mais gorda.
a melhor espiga é para o pior porco.
a mentira tem pernas curtas.
a morte não espera.
a necessidade faz a lei.
a noite é boa conselheira.
à noite todos gatos são pardos.
a palavra é prata, o silêncio é ouro.
a pior roda é a que mais chia.
a primeira pancada é que mata a cobra.
alegria de pobre dura pouco.
amigo de todos, amigo de ninguém.
amizade remendada, café requentado.
amor com amor se paga.
amor sem beijo é como macarrão sem queijo.
anda em capa de letrado muito asno disfarçado.
antes calar que mal falar.
antes perder a lã que a ovelha.
apos a tempestade vem a bonança.
as paredes têm ouvidos.
até os prédios mais altos começam de baixo.
atrás de quem corre não falta valente.
azeite, vinho e amigo: melhor o antigo.
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tópico original: velho ditado

meia vida

“as pessoas que nada têm a dizer
são muito cuidadosas
na maneira de dizê-lo.”
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sempre quis ser comediante,
não anima dizer que contei uma só piada...
já não me lembro como era, a graça!
foi há muito, muito tempo.

além, sonhei com coisinhas triviais:
amar uma mulher comum, safada,
ainda que de todo leviana,
qualidade qualquer que a torne palpável.

locupletar sem mais-valia.
obter mérito, paz... dignidade não,
o supérfluo permanece supérfluo;
já o restante, dois de cada teria.

experimentar contactos imediatos,
ser abduzido, ter o cérebro estudado.
quis parecer que vi fantasma,
e assim ter histórias pra contar.

enlouquecer com o tédio do dia a dia,
banalizar a loucura de fim de festa...
esquecer.
nascer e morrer, sempre que necessário.

mcmatador

sílvio motta era um rapaz ordinário, se não gordo; um ser humano deprimido, se não deprimente. filho único de pais separados, sílvio motta vivia com a mãe em um pequeno apartamento no centro da cidade, sufocado entre outros tantos pequenos apartamentos.

a vida não era fácil para sílvio motta, que padecia de não conhecer problema: não trabalhava ou amava, e as demais relações, volúveis, não o preocupavam. a família o percebia estranho; os homens não o tinham como digno de confiança; as mulheres, quando não o ignoravam, divertiam-se com a sua insegurança. no geral, as pessoas não o levavam a sério. não acreditavam que ele pudesse ser, como posso dizer, infeliz: sílvio motta, como qualquer fracassado, devia ter lá a sua cota de felicidade, diziam. devia gozar ao terminar o joginho no modo mais difícil... ou quando o jornaleiro lhe entregava a edição mensal de seu quadrinho favorito.

é, sílvio motta era um de nós, com suas derrotas e conquistas, seus altos e baixos. apesar de parecer um rapaz infeliz, sem aspirações, desejo, perspectiva... sílvio motta era um de nós.

certo dia, ordinário, deprimente, estava sílvio motta comendo, sentado à varanda de um fast food próximo, quando foi gentilmente abordado por um pedinte, que sugeriu que sílvio motta lhe completasse um sanduíche. sílvio o olhou com indignação: como pode! um homem saudável incomodar as pessoas dessa maneira. o dinheiro que pede na certa é para comprar cachaça, presumiu. o mendigo interpretou o olhar, e o silêncio, como não. agradeceu e saiu. não! voltou. voltou e dissimuladamente espirrou sobre a refeição de sílvio motta. esse fitou novamente o pedinte, e seu semblante foi da indignação, passando pela consternação, até relaxar em um sorriso agradecido. sílvio motta tinha agora uma missão. já não era o rapaz apático, sem vida de outrora.

no dia seguinte sílvio motta voltou à lanchonete, a mesma do dia anterior. e o mesmo pedinte tinha acampamento armado em frente ao estabelecimento. sílvio olhou, mas não encarou. entrou e pediu uma oferta – sanduíche, batata e refrigerante. procurou por uma mesa tranqüila, sentou-se. esparramou na bandeja as batatas, pingou sobre elas dois pacotinhos de ketchup, comeu, intercalando entre um punhado e outro um trago generoso de coca. depois, com estranho cuidado, retirou o sanduíche da embalagem, como se fosse ele, sílvio motta, um funcionário que esqueceu um ingrediente importante e precisa remontar o sanduíche. na seqüência sacou do bolso um vidrinho minúsculo, desses que moças bonitas nos entregam em lojas de departamento com amostra de perfume, tirou a fatia de pão que coroava o sanduíche e salpicou generosamente o veneno.

o fluoracetato de sódio costumava ser um veneno popular no controle de ratos e outras pestes, isso antes de ter o uso restrito pelas autoridades. uma pequena dose, que pode ser facilmente acomodada na ponta do dedo indicador, é suficiente para matar um homem adulto. sílvio motta conhecia outras substâncias igualmente eficientes: ácido arsênico, cianureto, estricnina... conhecimento que adquirira durante as longas jornadas em frente ao computador, quando mergulhava na rede a evitar os demais predadores.

continuando, agora: sílvio salpicou generosa porção de fluoracetato de sódio, completando o recheio do sanduíche. então cobriu-o, devolveu-o a embalagem, levantou-se e saiu. quando abordado pelo pedinte, em frente a lanchonete, sorriu e disse: não tenho trocado, amigo. mas você pode ficar com o meu almoço. tenho mesmo que perder uns quilos!

aquele dia, em sua missão, sílvio motta e seu vidrinho de perfume estiveram em muitas lanchonetes, distribuindo sorrisos e sanduíches.

à noite, de volta ao seu pequeno apartamento, sílvio motta foi surpreendido por uma festa em razão de seu vigésimo sétimo aniversário. família, amigos, penetras... comida, bebida... um belo cenário. mas sílvio motta estava já saturado – muita batata. foi para o seu quarto. a festa continuou sem ele.

sílvio motta sentia-se frustrado em relação a sua vida, mas tinha agora uma causa para distraí-lo. no dia seguinte voltou a sua lanchonete predileta... qual não foi a sua surpresa quando viu o pedinte nas mesma condição de antes, saudável... foi quando começou a tossir, o pedinte, uma tosse forte, escandalosa, e os traços do rosto de sílvio motta esboçaram uma feição alegre. mas a tosse cessou, o pedinte ajeitou-se e, na direção de sílvio motta, lançou: vai abrir mão do almoço hoje, amigo?

sílvio motta não gostou da piada.

tinha ainda o pequeno frasco carregado, pronto. decidido a tirar a prova, pediu uma outra oferta, o especial do dia. mas a segurança que lia no sorriso gaiato do pedinte, do caixa, da garotinha que tinha nariz e lábios lambuzados com maionese lhe tirara a confiança: estaria sílvio motta no caminho certo? procurou não pensar. sentia-se vivo. estava vivo. a insegurança imputada ao longo dos anos havia já lhe privado de muito, de tudo. não ia ceder, não desta vez. mas os olhares delatores, a sabedoria dos pares o incomodava, agora, como nunca. queria matar a todos. excluí-los de sua vida. sem pensar, comeu. morreu.

às putas

sexo sem amor
sem compromisso
cumplicidade
sexo seguro
puro
desejo
o melhor sexo
sexo profissional
banal
humano
com ou sem decepção
amor
às putas

brincadeira existencial

tudo o que há
é
e existe
e coexiste
com o que há
sendo
tudo

do pó ao pó

inspirado em texto sem título, pé ou cabeça, de lúcia marra.
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euvidério trocou a lâmpada do quarto-sala – luz! os olhos cerrados, habituados à ignorância, despertam, tímidos – luz! euvidério agora não pode esconder o seu mundinho: uma vida apertada, em uma própria incômoda essência, acomoda um comportamento ordinário.

atribuições? Esperar, só – o trabalho de tantos outros partidários. esperando, desperdiça energia no elaborar teorias sem substância e intrigas infantis... os dias passam... euvidério ignora...

esperar... todo o resto é rotina: despertar, resistir, armar... se... olhar, assear, aceitar... se, apenas... alimentar... uma folha mastigada displicentemente pronuncia: homem morre envenenado. lembrou um primo distante, silvio motta.

com terno engomado e cabelo penteado, apresentou-se no horário acordado... e com estranha satisfação assistia a toda retórica e formalidade, o ritual: coisa bonita os meandros da igreja, refletiu.

a morte é mesmo de uma brevidade impressionante! a vida.

anos mais tarde, euvidério tornou ao cemitério – ocasião na qual todas as atenções estavam voltadas para si. seus olhos, ainda que fechados, a tudo e todos perscrutavam. estava diferente! tinha um sorriso insistente, ainda que descrente, no canto da boca. um alguém disse que era sarcasmo. mas, não! era felicidade.

sorte na vida

a história de um homem comum:

em 1956, mês quarto, décimo primeiro dia, nasce joaquim oliveira. garoto saudável, pesado, homem de futuro. nos primeiros anos de vida, brincou; também deixou de brincar – exigência do pai, severo. seguiu. os primeiros passos; as primeiras palavras; travessuras... releva-se – o homem cresce. no básico, destaca-se – mas sem muito destaque, porque, nesse período, tudo é muito passageiro, as pessoas não notam. do ensino médio temos algumas lembranças: uma boa dúzia de raparigas; medalhas no futebol; um primeiro lugar na feira de ciências – vulcão em erupção, ordinário e eficaz. vem a faculdade, com aprovação no segundo vestibular, excelente – no período, mas duas dúzias, ou três, de interessadas. mas é difícil viver como arquiteto... distrito federal, melhor pleitear uma vaga no serviço público... como? estudando. r$ 1.200 o primeiro cursinho, à vista. joaquim amarga o 1149º lugar – 38 vagas para o cargo pretendido. a vida segue, mas não dura, disseram. parte para o segundo turno: terceiro colocado, satisfatório, acredita. segue. estabilidade, tranqüilidade, fraternidade... sorte na vida. joaquim não estava muito certo, mas, vez ou outra, descansado no conforto de uma poltrona, a um canto da sala de estar, encontra-se satisfeito. o escritório de obras, que abrira com a ajuda o pai, prosperava... tempo de agir, seguir. uma esposa, uma companheira, não trouxe algo que não alegria... e um ou outro aborrecimento, mínimo, em discussões sobre o cotidiano e a vida... no mais, prazer. seqüente e conseqüentemente, vieram os filhos. lindos, mínimos, saudáveis. esses crescem, assim como o patrimônio de dr. oliveira. em família, seguem, felizes, diria. 2004, 2005, 2006... dr. oliveira e seus filhos, criados, assistem ao noticiário no fim do dia... apoiado no ombro da filha, a dilatação anormal de uma artéria cerebral leva-a ruptura, sem vômito, rigidez na nuca ou convulsão. é quando morre joaquim oliveira, próspero, pai de dois filhos.

velho ditado

seqüela de um projeto passado, coleciono ditados. à época, referia-me aos tais como expressões cristalizadas da língua, mas ouvi também: adágios, aforismos, anexins, máximas, provérbios, rifões... nomes bobos à parte, acho que seria interessante compartilhar. dessa forma, se alguém lembrar algum que não consta da lista, poderia enriquecer o conjunto, que está mesmo um tanto pobre...

uma letra de cada vez, começo com "q":


quando a barriga está cheia, toda goiaba tem bicho.
quando a cabeça não pensa o corpo padece.
quando a esmola é grande o santo desconfia.
quando o gato sai, os ratos fazem a festa.
quando um burro fala, o outro abaixa a orelha.
quando um não quer, dois não brigam.
queda de velho não sobe poeira.
quem mais jura, mais mente.
quem anda com porco só farelo come.
quem cala consente.
quem casa quer casa.
quem com ferro fere, com ferro será ferido.
quem conta um conto aumenta um ponto.
quem dá aos pobres empresta a deus.
quem desdenha quer comprar.
quem diz o que quer, ouve o que não quer.
quem é vivo sempre aparece.
quem espera sempre alcança.
quem já foi rei nunca perde a majestade.
quem não arrisca não petisca.
quem não chora não mama.
quem não deve não teme.
quem não tem cão caça com gato.
quem nasceu para burro nunca chega a cavalo.
quem nunca comeu melado, quando come se lambuza.
quem pariu mateus que o balance.
quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não sabe da arte.
quem quer faz; quem não quer manda.
quem ri por último ri melhor.
quem sabe faz, quem não sabe ensina.
quem semeia vento colhe tempestade.
quem tá na chuva é pra se molhar.
quem tem boca vai a roma.
quem tem telhado de vidro não atira pedras no vizinho.
quem tudo quer tudo perde.
quem vê cara não vê coração.
querer é poder.
quando a razão fala presta atenção no que diz.
quando o pobre come frango, um dos dois está doente.
quanto maior é o coqueiro maior o tombo do coco.
quem ama a rosa suporta os espinhos.
quem avisa amigo é.
quem canta seus males espanta.
quem cochicha o rabo espicha.
quem com os cães se deita, com pulgas se levanta.
quem dorme com criança acorda molhado.
quem morre de véspera é peru de natal.
quem não pode com mandinga não carrega patuá.
quem não se enfeita por si se enjeita.
quem nasceu para dez réis não chega a vintém.
quem o feio ama, bonito lhe parece.
quem procura acha.
quem reclama o rabo inflama.
quem tem padrinho rico não morre pagão.

25 de janeiro de 2007

você e eu

foi divertido ver você sorrir
dormir tranqüilo com você no colo
trocamos prosa, tapa, verso
dividimos uma cama pequena
apertada para tantos eus

foi quando, de súbito
a vida percebemos, restrita
com tantas possibilidades
e fadados, ambos, ao desencontro
trocamos prosa, verso

o amanhã, por fim, promete
mesmo a mais intensa lembrança
sem vestígio qualquer desfazer
num destino marcado, distante
trocamos verso, ainda


gostaria de oferecer essas linhas, ébrias, legítimas porém, a você, ana, que não as ouviu, não conhece a voz... e sente.